19 days- Esta noite...

São duas da manhã... Tenho as mãos e os pés a congelar, nem as mantas me aquecem mas eu já não tenho frio, acabei por me habituar a esta frieza natural de mim, e do meu corpo. Não sei como estás, sei que estás bem. Sempre admirei isso em ti, a tua capacidade de dar a volta. Ás vezes pergunto-me se tu realmente te importas com os outros, ou melhor, perguntava-me porque eu na realidade não me importo. Eu não sou melhor pessoa que tu. Sou pior até mas eu é que caí e não foste tu, azar meu. Eu admito que quase que te usei para esquecer... Mas acabei ficando com um maior peso na minha cabeça, tu. Eu é que caí, e fui usada como um boneco sem movimento na mão de uma pequena criança inocente. De inocente não tens nada, mas tu sabes. Admito que não sei se te esqueci porque eu não te vejo todos os dias. Mas sim, lembro-me de ti várias vezes  mas a esta hora da noite tudo perde a sua dencidade e quando penso em nós apenas consigo pensar que foi parte de um sonho ou filme. Eu não sinto a tua falta. Não sinto, a sério. Eu nem me lembro de como é o teu rosto mas sei o quanto ele era importante para mim, há 6 meses atrás ou algo assim. A esta hora da noite sinto-me sozinha, mas um sozinha bom. Não trocava o prazer desta solidão pela tua companhia jamais. O mais engraçado é que eu ainda te acho uma boa pessoa. Mas isso é porque sou parva. Sempre fui. A esta hora podes estar a falar com a tua 500ª conquista depois de mim, podes estar a dormir porque adoravas ir dormir cedo, podes estar a ver um filme ou a ouvir música porque era única razão que te fazia ficar acordado. Será que ainda fazes estas coisas todas? Não interessa. Pelo menos, esta noite. Não me interessa.

2h16 a.m

Catarina Fortunato